Kabaros ou Cabar é o Deus Bode das bruxas lusitanas. Outrora adorado pela aristocracia lusitana, com o passar dos tempos e a vinda da nova religião, o Deus Caprio passa para as sombras, ás margens da sociedade da altura, sendo visto como o próprio diabo dos cristãos.
Estudar todo o simbolismo que torneia este Deus não é tarefa fácil, pois pouco se deixou registado sobre sua influência, mas o Deus mostra-se aqueles que praticam a Arte Bruxa e, seja através de meditação, encontros visionários com o Senhor ou mesmo comparando-O com seus "Deuses primos" vai-se, ao longo do tempo, construindo uma maior compreensão e sintonia com Aquele que é Mestre do Sabbat! Chegar-se-há, não ao Deus dos guerreiros lusitanos, mas ao Pai e Senhor dos bruxos e mulheres de virtude ancestrais...
Segundo minha visão pessoal e minhas experiências com o Deus Negro, comparo Kabaros aos demais Deuses Caprios como por exemplo: os gregos Dionísio e Pan (o mais evidente), o Bwcca da Cornualha, Akerbeltz dos bascos, o Azazel dos mouros, Lucifero dos romanos, e mais recentemente o medieval Baphomet dos Templários.... a lista continua.... Todos Deuses da Bruxaria e Mestres do Sabbat!
Kabaros será então o Deus das florestas - não esquecendo uma teoria psicológica que aponta a floresta como metáfora do inconsciente - dos animais, tanto selvagens como, mais tarde, os domesticados. Senhor que concede prosperidade e sabedoria a seus adoradores e Aquele que ilumina as maiores trevas com a Chama Sagrada de entre os seus chifres.
Seu Sabbat mais sagrado é Samonios ou o Culto dos Idos, pois Ele é o Senhor da Morte e Aquele que nos aguarda na última das iniciações, aquando se dá a travessia pelo rio do esquecimento. Mas o Solstício de Inverno, sendo a noite mais negra, também lhe é especial...
Tal como a Nossa Senhora é Tripla, o Deus tem um carácter Duplo, formando assim o 5 do Sagrado Pentagrama.
Kabaros como um Dionísios encarnaria o Senhor Negro do êxtase (o Melanaigos ou Bode Negro do Sabbat grego), do Reino dos Mortos, da parte escura do ano e Kabaros como o Luciferos, encarnaria o Portador da Luz - a luz solar para os mortais e a Luz da gnose para Os de Virtude. Alternando entre estas duas faces dá-se a sagrada dança das estações. Se a Deusa é a Terra, o Deus marca os ritmos e o compasso desta!
Tal como Pan, Ele é o Todo que inspira belas melodias e prazeres mas também leva ao pânico e aos terrores nocturnos.
Mas a imagem que, para mim, simboliza melhor sua essência é a de Baphomet dos Templários!
Este ídolo reflecte o Todo que os gregos atribuíam a Pan! As suas asas representam o elemento Ar, a Tocha entre os Chifres, tão querida para os bruxos tradicionais, representa o elemento Fogo, as escamas do seu ventre inchado representa o elemennto Água e o globo terrestre sobre o qual esta sentado, tal como a carne de seu corpo, representa o elemento Terra. Da zona de seus genitais, morada da kundalíni (fonte de poder) ergue-se o bastão de Hermes e Esculápio como um pénis cheio de energia de cura e transformação - as duas serpentes simbolizam o sagrado feminino e o sagrado masculino com a força neutra e andrógina no meio.
Sendo o pénis o símbolo do masculino, Ele também apresenta seios nutridores como símbolo da Mãe, pois o Deus das Bruxas sendo filho e criação da Deusa mais Alta, é o seu reflexo, pois a criação é sempre um reflexo da/o Criador/a.
A face e pernas de bode contrastam com o torso humano pois o Deus é tudo! Nele se juntam os opostos, as contradições. Ele é a besta selvagem e a razão humana.
Um braço aponta para cima e outro para baixo, no famosissímo gesto de "solve et coagula", ou seja, salva e castiga... (palavras para quê)
E, finalmente, sua testa é coroada pelo pentagrama da sabedoria, da espiritualidade, dos quatro Elementos que servem e visam o Espírito, tendo a sagrada chama no lugar do mais alto chakra, unindo-o à primeira das Divindades, ao plano mais Alto.
Este é o nosso Deus, o Deus das Bruxas e Feiticeiros! Todo Ele andrógino, todo Ele opostos, todo Ele contradições...
Conhecê-Lo é conhecer os mais sagrados mistérios da Bruxaria; vê-Lo é ver a face da Morte que oculta a Vida!
Cores: preto, azul escuro, roxo, castanho, verde
Incensos: incenso de Pan, incenso de Kabaros, incenso de Saturno, incenso de Samhain (todos por encomenda).
Ervas: pinheiro, cipreste, acónito, beladona, raiz de mandrágora, videira, tabaco, mirra, dedaleira.
Pedras/metais: ónix, turmalina, hematite, pedras de cemitérios ou de locais ancestrais, pedras de encruzilhada de quatro caminhos, chumbo, ferro.
Elemento: Terra; Espirito.
Acessórios/simbolos: vela negra, cranio de bode ou de animal com cornos, forquilha, bastão tipo stag, roupas de cores escuras, peles de cabra, athame ou punhal, caveira ou crânio, pentagrama invertido da 2ª iniciação, vinho, cerveja.
Io Kabaros britui me zizeti
ekue kailom ueizomkue
uta klanseti!
